SUA
“INTERNETWORK” NÃO AJUDA NA GESTÃO
INTELIGENTE DE SUA CARREIRA
“Espere,
eu vou lá, sim, mas falo com quem?”.
Essa frase, que todo mundo já ouviu, revela uma cultura bem
brasileira. A
tendência de termos mais confiança em pessoas, do que nas
regras e na lei.
Seguindo um
velho costume, até ao chamar alguém para consertar uma
torneira procuramos
antes uma indicação. Talvez esse cuidado se explique por
duas palavras que
infelizmente fazem parte do nosso dia-a-dia: incompetência e
impunidade. Com
medo delas, nos prevenimos como faz o jacaré que nada de costas
em rio que tem
piranhas.
Sugerimos que
também em termos de carreira a realidade é essa. Estamos
muito longe de países
onde se contrata até cuidadora de idosos pela internet.
Questão de cultura,
explicada por uma somatória de fatores.
Então, ao
gerenciar sua carreira, leve isso em conta: se da sua
função decorrer um desempenho
complexo somado a um viés de confiança, você
dificilmente conseguirá obter a
chance de ir a uma entrevista de emprego sem uma
indicação de seu network. Há
exceções na chamada “internetwork”, das
agências de recolocação, como para o
cargo de secretária, que em tempos normais tem mais procura que
oferta. Então o
envio de currículos é válido.
Mas, na
grande maioria dos casos, sem indicação o seu
currículo poderá ir para a pilha sobre
a mesa de um funcionário do RH, que só fará uma
triagem inicial se não tiver
mesmo alguma indicação. Ou, ainda pior, talvez promova
algumas entrevistas por
obrigação e até para disfarçar sua escolha,
feita seguindo uma recomendação. E
esta pode ter sido fraquinha e indireta, do amigo do amigo. Mas
qualquer apresentação
tem sempre alguma garantia pois, é consenso, ninguém
indica uma bomba.
O problema é mais
frequente e maior quando a sua qualificação envolve
função de avaliação não somente
quantitativa. Exemplo: se você estiver fazendo carreira em setor
longe das
vendas. Estas, peculiarmente, têm avaliações
numéricas fáceis e em geral têm alto turnover
– o que tende a trazer
procura além das indicações, tornando, aqui
também, válido o envio de
currículos por agências de recolocação.
Mas muitas funções (como as do RH, por exemplo)
são menos mensuráveis e têm
avaliações mais delicadas.
Prevê-se que
a massificação, nascida do tamanho crescente do mercado,
nos levará no futuro a
um panorama quase sem indicações. Como nos Estados
Unidos, onde contam que um
presidente (Nixon) entrou na política respondendo a um
anúncio de jornal do
partido. Mas a mudança não está acontecendo
rápida, e muito menos em épocas como
a atual, com mais procura do que oferta de vagas.
O que fazer,
então? Como obter a indicação necessária?
Resposta simples: cultivando seu
network, a grande fonte de recomendações. Claro que essa
não é uma receita de
sucesso garantido para a carreira, pois aqui se focaliza apenas o
problema de
conseguir entrevistas. Adiante delas tudo passa a depender da
qualificação profissional
e de qualidades pessoais.
Também é
preciso dizer que cultivar o network não é atividade
simples, e vai mais fundo
do seguir regras de convivência e ter arquivos de
aniversários. Nada substitui
os contatos pessoais que não devem acontecer somente quando se
está precisando
de indicações. O pessoal de coaching pode
orientar, e também há literatura do assunto.
Para
finalizar, duas palavras sobre carreira, já que network e
entrevistas são
detalhes importantes, mas nunca decisivos no sucesso profissional. Eis
dois importantes
e definitivos fatores: a consistência profissional e,
ultimamente, a facilidade
para integrar/liderar equipes.
Para quem
deseja mais informações sobre o tema, dentro deste site,
mantido principalmente
para atender a pedidos e sugestões de ex-alunos, recomendo
três leituras que
tangenciam carreiras, na página de textos deste site :
“Criatividade em 2016”, “Ser
durão resolve?” e
“Você não precisa ser
criativo”.
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