CRIATIVIDADE
EM 2016.
José Predebon
O
título acima, apesar de estar de acordo com o conteúdo do
texto, trouxe-me o
sorriso que sempre me provocam as predições. Por mais bem
fundamentadas, todas
as antevisões do futuro são hoje, na verdade, meros
“chutes”.
Isso
é fato porque desde que Edgar Morin focalizou o conceito da
complexidade,
qualquer visão inteligente do mundo ficou obrigada a considerar
a indefectível ação
das variáveis de toda sorte, umas modificando as outras. Devido
a esse fator mais
que nunca, na atualidade, o futuro tornou-se imprevisível.
E
como a ciência e a tecnologia desenvolvem-se em velocidade
exponencial, a
imprevisibilidade torna-se a única constante do contexto.
Tentar, portanto,
prever qualquer coisa, como o panorama da criatividade em 2016,
é fantasia. Podemos
sorrir da tentativa.
Entretanto,
a fantasia faz parte da vida, e eu pessoalmente mergulho nela, sempre
que
posso. Então, desculpem-me os cobradores de acerto, vou dar meus
palpites do
que deverá acontecer nesse campo onde passei a vida inteira,
desde criança,
quando desenhava histórias em quadrinhos.
Nos
últimos tempos andei comentando certa diminuição
de espaços para a
criatividade, em função da massificação da
sociedade e do desenvolvimento do
mundo virtual. Não desdigo essa dinâmica, porém a
vejo de menor efeito do que o
que considero a maior variável mundial de hoje, a
violência crescente.
O
mundo aprendeu a fugir da perspectiva da “terceira e
última” guerra mundial,
porém está falhando em manter a paz da convivência.
Banalizou-se a ruptura
violenta nas relações em todos os âmbitos: das
brigas de trânsito que geram
assassinatos, ao terrorismo como retaliação por
desacordos políticos e
religiosos.
Assim
se apresenta a chamada vida moderna, com a falência da
normalidade e o aumento
dos perigos de toda ordem. Existe uma ameaça (tipo Espada de
Dâmocles) pairando
sobre todas as pessoas, o que cria uma sensação
angustiosa mesmo para as que,
por índole pessoal, são amantes da aventura e do risco.
Mas,
raciocinemos que frente aos desafios dessa modernidade surgem, como
sempre, as
oportunidades que acompanham a instabilidade. E exatamente por isso,
neste
caso, abrem-se portas para novas soluções, mais
dependentes da criatividade do
que da aplicação das normas e das leis, que andam falindo.
Então
eu, ainda que sem ênfase, sugiro que na conjuntura atual existe
nova abertura
para a criatividade. Vejo-a leve e gradual, sem “viradas”.
Continuarei a dar meus
workshops de criatividade país afora, como sempre, mas acho que
os manuais de
normas não mudarão. Porém aposto que todos, nos
mais diversos setores, serão
levados a usar mais a criatividade.
Essa
expectativa minha é especulação mas vem da
lógica, analisando o modelo
econômico hegemônico que prevalece, mas que começa a
mostrar-se, no mínimo,
discutível. Como disse um pensador de esquerda, o monetarismo
marcha
triunfante, mas na direção do seu próprio abismo.
Teremos mudanças, urgente. E,
para vingarem, deverão ser criativas.
Concluo
esta minha “profecia”, dizendo então a meus
ex-alunos e a todos os interessados
em inovação e criatividade: animem-se, mexam-se e
aproveitem 2016.
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