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QUEM
QUER AUMENTAR
SEU DESAPEGO?
José
Predebon.
Nosso
índice de
apego é nato. É natural. Por outro lado,
não somos
definitivos, pois estamos sempre mudando, a vida inteira. Se,
após meditarmos sobre o assunto, estivermos certos de que
podemos ser melhores e mais felizes com menos apego,
começaremos
a mudar nessa direção. Vejamos algumas
sugestões
de como isso se torna viável.
1)
A arte de sobreviver
como minoria.
Olhamos em volta e vemos egoístas competindo. Vale a pena
ter
desapego? É comum e até normal abandonarmos
nossos
impulsos melhores, porque temos medo de que os outros se aproveitem de
nós. Esse é um obstáculo para o
crescimento
pessoal e até para a auto-estima. Se conseguirmos
desenvolver um
nível sadio de segurança, teremos
confiança que a
médio e longo prazos nosso desempenho mais desapegado que a
média será premiado.
2)
Encontremo-nos entre o
ter e o ser.
Todos os nossos planos de aperfeiçoamento pessoal passam
pelo
auto-conhecimento. É preciso encontrar-se, antes de seguir
em
busca de um objetivo. Caso contrário não nos
orientaríamos com sabedoria. Pois então se
pensarmos em
aumentar nosso nível de desapego, comecemos por analisar
onde
encontramos mais satisfação: em possuir coisas,
sermos
mais ricos e poderosos, ou em sentirmo-nos de bem com a vida e consigo
mesmo. A conclusão deve vir do
coração, e seja ela
qual for, avaliemos que o desapego sempre nos favorecerá
–
mesmo que sejamos materialistas.
3)
Ser melhor por fora
começa por
dentro.
Pouco adianta nos olharmos no espelho e verificarmos
que estamos parecidos com a pessoa que gostaríamos de ser.
Se
essa visão superficial trouxer
satisfação, ela
será frágil e sumirá com a primeira
crítica
que recebermos. A nossa visão interior é que nos
dá a segurança para nos sentirmos bem, felizes e
com
orgulho de si. Então, se pretendermos ser mais desapegados,
enfrentaremos uma jornada que só tem algum sucesso ao
começar em nosso íntimo.
4)
Sabedoria
não é só
para um “velho chinês”.
Alguém
sábio nos parece alguém longe da realidade em que
vivemos. Mas se optarmos por uma vida valorizada pelo individualismo
menor, ao exercer o desapego, estaremos sabiamente favorecendo nossa
felicidade interior, muito mais profunda que a conseguida pelos
prazeres menores. Desapego não é santidade,
é
blindagem para vivermos com mais sabedoria.
5)
Força de
vontade com um treino
gradativo.
Sim, precisamos de bastante
determinação para desenvolver atitudes e
comportamentos
melhores. Mas podemos ir aos poucos, e treinar o viver desapegado com
ações cotidianas que envolvam pequenas
renúncias.
A começar por renuncias a prazeres que sabemos que
não
são sadios, como o fumo, o açúcar, o
álcool
etc. Cada ato desse é um degrau para um patamar diferente.
Então, com o tempo, nos tornaremos pessoas menos desapegadas.
6)
Atenção
para uma ressalva.
Cabe aqui ressalvar que não devemos (e nem conseguimos) nos
desapegar de nossas raízes. Para ter uma saúde
mental e
espiritual, não devemos tentar nos afastar de nossos
princípios e valores. Quanto a eles, nada de desapego. No
correr
de nossa vida nós poderemos ter mudanças
gradativas no
que toca a princípios e valores, mas no sentido de
evolução, e de forma cumulativa. Talvez, em
determinado
momento, essas pequenas mudanças somadas causem uma
‘virada”, como o “cair de uma
ficha”. Mas
serão momentos raros e, na maioria, muito bons.
Finalizando,
não posso deixar de mencionar aqui uma
solução
mais radical, porém também válida,
para o
incremento do desapego: a terapia. Para muitos de nós ela
é um caminho. Cada pessoa tem seu jeito, com facilidades e
dificuldades próprias. O auto-conhecimento é o
ponto de
partido para as soluções viáveis, que
podem
incluir o auxílio de terapeutas profissionais.
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