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Criatividade
versus Inteligência Artificial - Introdução.
Pergunta de
Plantão
J.
Predebon, Agosto, 2019
PERGUNTA
DE PLANTÃO. O querido ex-aluno Eduardo Marques me
pergunta que novidade eu teria para contar.
Resposta:
Disse a ele que além de estar lecionando em um novo curso, estou
com um
livro prestes a entrar "no prelo", como se dizia antigamente. O
título:
"Criatividade versus Inteligência Artificial - um certo conflito
entre
criador e criatura, no campo do trabalho". É uma leitura com
bastante
novidades que colecionei ultimamente. Enviei a ele o capítulo
zero, uma
espécie de introdução. Que você quiser ler
aqui:
Criatividade
Versus Inteligência Artificial - Introdução:
O Sentido Amplo de Criatividade e Inteligência Artificial.
Ao começar a ler um livro,
sempre
senti que é bom ter uma expectativa clara. E quando seu assunto
inclui uma
controvérsia, opa, pode até surgir dúvida. Por
isso vou me esforçar para
esclarecer já o antagonismo contido na palavra versus,
que usei no título.
Criatividade é uma palavra com tantas
interpretações que chega a parecer escorregadia. Confesso
que durante meu tempo
de marqueteiro eu nem conseguia explicá-la bem. Porém ao
começar a dar aulas de
criatividade me deparei com a necessidade da definição.
Após várias tentativas e mudanças,
passei a adotar a definição de “produto de
pensamento não lógico mas
relevante”. A palavra mas revelava
uma pequena desaprovação do sistema ocidental, que
privilegia demais a lógica.
O tempo passou, eu dando aulas e
pesquisando, até chegar a uma novidade, o que chamei de
“definição interior”;
era o produto de uma discussão em grupo, após a qual a
pessoa começava a
entender o conceito de criatividade sem a formalidade de uma
definição
acadêmica.(*)
Mas isso agora também mudou, pessoas
que leem, talvez pela perspectiva de um velho curioso que sou: hoje
vejo
criatividade quase fora das definições, e simplesmente
como sinônimo de
raciocínio inteligente e inspirado, que todos têm em algum
nível. O usamos em
tudo, a todo instante, conscientes ou não, para vivermos melhor.
Esse, para mim,
é o sentido amplo da criatividade.
Chegou a hora de explicar como vejo a
Inteligência Artificial. Quando começaram a me perguntar
em aulas e palestras o
que eu achava da IA, fui correndo me informar. Li tudo o que encontrei,
conversei com quem possuía alguma informação e
até frequentei um grupo de
estudos da IA, dos professores da PUC de São Paulo.
Entre os que pedi ajuda estava meu
filho Marcos, engenheiro com mestrado em Sistemas pela USP, que se
tornou
autoridade em tecnologia (em 1999 ele coordenou o diagnóstico
nacional de que o
bug do milênio não existia nas redes de
telecomunicações). Tornou-se a minha
fonte no campo, e tanto conversamos sobre o assunto que acabamos tendo
a ideia
de criar o curso sobre inovação, onde lecionamos, o
Ignite Posterum (**).
Acreditem que hoje consigo me sentir à
vontade para falar de tecnologia, apesar de, como típico idoso,
ter alguma dificuldade
em usá-la – eh, eh, nasci em 1931, e ninguém volta
no tempo. Aceito, recomendo
mas uso pouco. Pois bem, para mim Inteligência Artificial
é o estado da arte em
tecnologia. É sua manifestação mais atual e
marcante, e esse, digo aqui, é o
seu sentido amplo.
O título, com a palavra versus, sugere
que criatividade puxa para um lado e tecnologia para outro. Isso pode
até
acontecer, porém a dicotomia está mais na visão do
assunto, que divide as
pessoas com formação em humanas das que têm
formação em exatas. Estas ficam
mais à vontade com a tecnologia, e aquelas com a criatividade. E
ultimamente o
tema Inteligência Artificial tem provocado muitas
discussões, que também são
objeto deste livro.
Penso que assim explico o título do
livro, e contribuo para que a sua leitura seja mais tranquila. Se me
fosse
exigido pela editora um título mais simples, de acordo com esta
minha
explicação ele poderia ser “Inteligência
versus Tecnologia”.
Após esse esclarecimento, concluo
agora, especulando, que talvez a minha visão do tema seja devida
a estarmos em
tempo de transição. Mas... transição
não será uma condição permanente, daqui em
diante?
Opa, isso também é especulação –
deletemos para ir em frente, OK? □□□
(*) A dinâmica em classe compreendia primeiro
um levantamento coletivo de palavras consideradas
“vizinhas” da criatividade;
feito um painel, discutia-se a coerência que se notava no
conjunto, e que
levava os participantes, dali para diante, de sentirem o conceito com
uma nova
e mais clara visão. Essa nova posição é a
que chamo de “definição
interior”;
(**)
Ignite Posterum, curso livre, informações em www.predebon.org
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