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CRIATIVIDADE: 10 DÚVIDAS RECORRENTES.

José Predebon

Desde que meu livro (Criatividade Abrindo o Lado Inovador da Mente) tornou-se conhecido, em todo lugar que vou me fazem muitas perguntas sobre criatividade. Aproveito este espaço mensal e reproduzo as dúvidas mais recorrentes que tenho encontrado. E aqui mantenho o tom leve que sempre uso para responder, pois o tema tem horror à formalidade (e eu também!).

 

1. Como posso saber se sou pessoa criativa? Resposta: Se você se sente à vontade usando jeitos diferentes de fazer as coisas, você deve ter mais criatividade que a média. E se você, além disso, vibra quando acha uma solução inusitada, então você está no time – pode entrar em campo com confiança, pois a segurança ajuda.

2. Os brasileiros são mais criativos que outros povos? R: Acredito piamente que sim, pois a cultura não normativa que as circunstâncias fizeram nascer aqui, há séculos, forçosamente entrou na herança genética. Os estudiosos da complexidade e da aleatoriedade teriam mais a dizer. Eu resumo dizendo que somos assim, no bom e no mau sentido (no sentido da criatividade e no sentido da transgressão social).  

3. É possível aprender a ser criativo? R: Eu assino em baixo da afirmação da psicologia humanista (Abraham Maslow, Rollo May, et al), que diz que a pessoa criativa não é aquela à qual se adicionou alguma coisa; criativa é sim a pessoa da qual não se subtraiu nada. Pois bem, temos então, todos nós, um potencial de nascença e, portanto com técnicas de treinamento é quase automático que poderemos otimizar essa competência. Não aumentaremos nosso potencial (cada pessoa nasce com o seu), mas é claro que o aproveitaremos melhor.  

4. Quem é mais criativo – homem ou mulher? R: Agora dou a resposta que costuma provocar risos. Pelo que estudei na literatura sobre o cérebro, é mais criativo o homem que não tiver um comportamento exageradamente másculo, que prejudica manifestações de sensibilidade. Por outro lado, é mais criativa a mulher que também não for demasiadamente feminil, do tipo que segue o modelo frágil e pouco assertivo das mulheres de antigamente. Ressalvo que esses fatores de personalidade se somam aos da educação.

5. Há uma idade em que a pessoa atinge sua maior criatividade? R: Soube de uma pesquisa do MIT que fez testes repetidos (mudando o conteúdo) em várias faixas etárias, e acabou chegando à conclusão que o ápice da criatividade se manifesta dos 8 aos 10 anos, quando a educação ainda não criou os bloqueios normais, a favor de uma sociabilização maior. A sociedade, de forma natural e até involuntária, incentiva o comportamento que não crie atritos – e isso gera pouca inovação!

6. É possível ser uma pessoa criativa sem ter inteligência? R: Definindo-se criatividade como um tipo de raciocínio especulativo e pouco contido, penso que ela possa vir sem problemas a pessoas que tenham dificuldades com habilidades cognitivas, que identificam o que a maioria chama de “inteligência”. 

7. Por outro lado, é possível ser uma pessoa inteligente sem ter criatividade? R: Sim, certamente, um braço da psicologia americana, a “Human Dynamics” diz, após longos estudos, que 20% do público pesquisado (norte americano) tem muita dificuldade em aceitar e produzir novas ideias, independentemente de sua capacidade mental. Penso que isso ocorre na cultura ocidental, e a observação pessoal confirma o fato. 

8. Pessoas muito idosas perdem sua criatividade? R: Como eu já passei há tempos da meia idade, essa é uma pergunta que só me fazem após ganhar uma certa liberdade comigo. Mas a dúvida procede, e aqui eu preciso dar uma resposta não conclusiva, pois cada caso é diferente do outro. Existe uma soma de fatores presos ao estilo de vida da pessoa, que irá determinar se ela, pouco estimulada, comece a perder sua criatividade com o tempo. O que, acredito, infelizmente acontece com frequência.

9. Existem dias ou ocasiões em que somos mais criativos? R: Sim, certamente, e essa é uma convicção minha, baseada na experiência própria, de quem dedicou toda a vida profissional à criatividade, e tem lecionado inovação e criatividade há décadas. Humor, disposição e acontecimentos externos, tudo influi.

10. Podemos fazer alguma coisa para melhorar nossa criatividade? R: Amigos, ex-alunos e leitores em geral, essa pergunta é uma que ouço com certa frequência, mas ainda não consigo vê-la sem sorrir por dentro. Como assim? Como eu sobreviveria profissionalmente, dando aulas de criatividade, se a resposta fosse negativa? Ora, ora, por favor, dá vontade de responder. Contudo, a resposta mais gentil e sincera é esta: primeiro, convença-se que você quer mesmo; depois, estude, pratique, treine, insista, e depois de um tempo, verá que sua criatividade melhorou.

Então, se você não encontrou aqui alguma pergunta que lhe ocorre, mande-a para mim. Tentarei responder com enorme prazer, pois sou viciado nisso, desde que comecei a dar aulas de criatividade, em 1986. Quando pararei? Essa pergunta eu me faço, mas não tenho nem palpite.

                                                                                                                                           JP.

 
         
jose@predebon.com.br